
Ah, a competição das mães, você não precisa ser mãe pra conhecer, só precisa ser médio em ler as pessoas. Velada e presente na mesma proporção. Muitas vezes nem precisa ser mãe pra ser um competidor – dindas, avós, tias, vizinhas, estranhas completas também sabem fazer.
“Ela já caminha? O meu engatinhou com oito meses e caminhou com dez.
Ela come direito? Lá em casa raspa o prato e ganha estrelinhas no pediatra.
Ela dorme à noite? O meu dorme 10 horas desde o segundo mês.”
Sério? Essa última eu ouvi quando ela não tinha nem uma semana. Lembro de estar tão confusa e tonta com tudo o que estava acontecendo que não consegui responder como essa amiga merecia.
A Helena com 11 meses começou a engatinhar, e sentada! Está começando a ensaiar uns passos, mas quer mesmo é estar no colo da mamãe.
Na hora do almoço ela já senta na cadeira reclamando. Enrola, assiste todos os seus brinquedos sentados à mesa “comerem” e na vez dela vira a cara – gosta mesmo é da sobremesa!
O seu dorme à noite toda desde sempre porque você seguiu direitinho o que ensina o livro da encantadora de bebês? A Helena riu do livro e de tudo que ele ensina.
E está tudo certo, no seu lugar.
A Helena passeia no supermercado gargalhando de qualquer dancinha minha. Essa semana uma senhora estava no caixa me disse que ouviu a risada dela e quis ficar perto para alegrar o seu dia.
Ela estica os braços toda vez que toca a música da Galinha Pintadinha, e sai ligeiro atrás de mim para dançarmos juntas. Todo dia e a energia e gritinhos não diminuem.
Às cinco da manhã, quando levo ela pra nossa cama, ela põe uma mão em mim e outra no Pedro Adamy, como se quisesse se assegurar que está tudo certo. E está, meu amor.
Eu tenho um bebê doce, querido, saudável. Que não é perfeito, mas é feliz e nos enche de orgulho.
Então vai se foder você com essas perguntas que são feitas só para poder falar do seu exemplo que você considera melhor que o meu. Ah, e a curva do peso da Helena não acompanha a da altura, tá um percentil abaixo. E ela fala uma língua única que só os inteligentes entendem. Na nossa língua, sua primeira e única palavra até então foi Hique, o nome do cachorro que ela só viu 6 vezes.
Escrito por Ana Paula Altenhofen
Publicitária e mãe da Helena e do Gabriel